Para salvar o último Cinema de rua da cidade

A Administração municipal vai investir R$ 10 mil mensais, por meio da compra de ingressos para o Projeto Escola no Cinema, de iniciativa do Cinearte Palace, como forma de contribuição para manter o espaço aberto. Durante audiência pública realizada na Câmara e solicitada pelo vereador Flávio Cheker (PT), foi definida, ainda, uma comissão formada por representantes de Executivo, Legislativo, gestores do Cinearte Palace e cinéfilos, com objetivo de buscar mecanismos para a conservação do último cinema de rua da cidade.

Em seu discurso, o secretário municipal de Turismo, Indústria e Comércio, Ricardo Francisco, disse que o Executivo pretende discutir meios jurídicos para o repasse da verba de R$ 10 mil. “Se for via projeto de lei, não haverá dificuldade de ser aprovado rapidamente”, informou. A superintendente da Funalfa, Marluce Araújo, enfatizou, que, embora a fundação tenha um dos menores orçamentos, pretende se unir à iniciativa privada para agregar chances de solução. “A Prefeitura está propensa a ajudar; é preciso, porém, definir as atividades a serem realizadas no espaço para o repasse de recursos”, observou.
Para o administrador do Cinearte, Adhemar Oliveira, os recursos disponíveis pela Prefeitura correspondem ao pagamento do aluguel. Ele lembrou, no entanto, que existem outros gastos com energia elétrica, funcionários e manutenção do espaço. “Por enquanto, esse dinheiro vai ajudar a manter as atividades por mais algum tempo até encontrarmos uma melhor solução.” Presente na reunião, o pró-reitor de cultura da UFJF, José Alberto Pinho Neves, anunciou que a instituição também está disposta a colaborar para a manutenção do cinema por meio de convênios.
O debate movimentou o plenário do Legislativo. Cerca de cem pessoas, a maioria freqüentadores do Palace, acompanharam a sessão, fazendo intervenções favoráveis à continuidade das atividades do espaço. “Acho que o problema do Cinearte está na forma como é gerenciado. Ele está sempre vazio, malcuidado, com projeção deficiente, além de ser comum o atraso na exibição dos filmes”, disse o empresário e cinéfilo, Maurício Lemos, que participou como ouvinte da sessão, dizendo ser freqüentador assíduo do Palace. Em sua opinião, o cinema é de um grupo vitorioso na exibição cinematográfica com parcerias de empresas privadas. “Queria saber porque esse formato não deu certo em Juiz de Fora. Quando vou ao Rio de Janeiro, costumo também assistir a filmes no Estação Botafogo, nos mesmos moldes do Palace, e percebo que lá os cinemas estão sempre cheios. Não aceito a justificativa de que o cinema está em baixa, acho que esse é um problema localizado e me parece que diz respeito à má conservação.”
Luz no fim do túnel
Na opinião do vereador Flávio Cheker, a audiência contribuiu para uma melhor avaliação do problema não só pelo Legislativo, como para a comunidade. Ele avaliou, ainda, que o encontro aumentou a possibilidade de um desfecho favorável para o Cinearte Palace. “A comissão está formada. É preciso que ela atue sem burocracia e com espírito prático.
Em entrevista à Tribuna, no dia 17 de dezembro último, Adhemar Oliveira anunciou a possibilidade de fechamento do espaço. Suas justificativas giravam em torno da escassez de público nos últimos anos e ausência de patrocinadores para os projetos de caráter social ali desenvolvidos. Na época, ele ressaltou a existência de um projeto aprovado pelo Ministério da Cultura de isenção de 100% do ICMS a empresas parceiras que havia sido recusado pelas iniciativas privadas locais. Por esse motivo, o Palace diminuiu a grade de horários e o número de funcionários, suspendeu as atividades às segundas-feiras e os projetos sociais.

(TM - 20 de fevereiro de 2008)

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