Rain vai oferecer sistema digital de Hollywood

Concentrada em filmes independentes e salas de cinema alternativas, a brasileira Rain prepara-se para dar um passo ambicioso. Fundada há quatro anos, a empresa é responsável pela digitalização de filmes (o trabalho de converter as informações da película em um arquivo digital) e pelo envio do conteúdo pela internet para cerca de 150 salas de exibição. Agora, a estratégia será oferecer os mesmos serviços para filmes produzidos pelos grandes estúdios de Hollywood, o que significa um número muito maior de clientes potenciais no circuito exibidor.
A restrição existente era tecnológica. A Rain sempre trabalhou com exibição digital, mas não com o modelo de equipamentos estipulado pelos grandes estúdios de cinema. A situação mudou. "Fechamos uma parceria com três empresas que nos fornecerão cinema digital e tridimensional no Brasil: a Doremi, a XpanD e a Nec", conta José Eduardo Ferrão, principal executivo da Rain.
Por causa do preço dos equipamentos recomendados pelos estúdios, o investimento em salas do gênero ainda é incipiente no Brasil. Há apenas seis salas desse tipo, de grupos como Cinemark e Severiano Ribeiro. Os Estados Unidos são o país cujo processo de transição do projetor de película para o digital está mais avançado. De 38 mil salas existentes naquele país, 4,6 mil estão de acordo com o padrão de Hollywood, segundo a consultoria britânica ScreenDigest.
Para entender essa transição, é preciso voltar no tempo. Em 2002, os principais estúdios de cinema uniram-se e decidiram que só ofereceriam seu conteúdo digital a salas que estivessem de acordo com um padrão técnico criado por eles próprios e batizado de Digital Cinema Initiatives (DCI). O objetivo era garantir a qualidade e a segurança de seus filmes.
A decisão desses estúdios, os principais produtores de filmes do mundo, resultou numa corrida para substituir o sistema analógico pelo digital. A maioria dos filmes de Hollywood ainda são feitos pelo método tradicional, em película. Mas o volume de produções feitas sob o padrão digital aumenta rapidamente. Só no ano passado, foram 189 filmes, mais que o dobro das 97 produções digitais de 2006.Um motivo ainda mais importante é o efeito tridimensional (3D). Os estúdios de Hollywood estão apostando em títulos 3D - algo economicamente impossível de ser feito em película. A indústria acredita que o 3D pode instigar o consumidor e aumentar as vendas. Avatar, o próximo filme do diretor de "Titanic" James Cameron, foi concebido em 3D. Ou seja, as salas que não estiverem de acordo com o modelo, não conseguirão exibir o filme, com estréia prevista para o início de 2009. "O 3D trará uma mudança na experiência do consumidor não só em filmes de ação, mas em shows, animações e eventos esportivos", diz Ferrão.
A Rain será a primeira empresa a oferecer o padrão de Hollywood na América do Sul. "Nossa meta é ter 150 dessas salas até o fim de 2009 na região", afirma o executivo. Segundo ele, a Rain está em negociações avançadas para entrar nos mercados da Argentina, Chile e Colômbia. Ferrão não revela qual será o investimento da rede exibidora por sala. A Filme B, empresa especializada em cinema, estima que são necessários US$ 170 mil por sala para a transição.

(Fonte: Valor Econômico)

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